Rotinas

Um assunto que sempre nos trouxe desassossegados, este. Porque desde que houve a confirmação da gravidez, não era preciso ser nenhum génio para perceber que, com as vidas que levamos, ia ser extraordinariamente difícil conseguir criar rotinas na miúda.

E esse era um aspecto que me deixava sempre intranquilo. Também pelas nossas experiências de contacto com miudagem nos escuteiros, sempre me apercebi que eles apreciam e estimam determinadas rotinas. Dão-lhe conforto, segurança e tranquilidade.

Certo dia que abordei este assunto com uma colega de trabalho, já mãe de dois filhos, casada também com um enfermeiro, ela mais sabedora disse-me: «Não te rales. Eles criam as suas próprias rotinas!» E eu lá fiquei a magicar naquilo.....

Hoje posso afirmar que de facto assim é. A Mariana instituiu as suas próprias rotinas.

Assim:
O banho é da responsabilidade do pai.

O ir dormir é com a mãe.

O preparar do biberão de leite é com o pai.

Quanto à tarefa de dar o leite: «A mamã dá».

E isto não faz caso de más disposições ou cansaço. Certo dia em que estava particularmente cansado negociei com a Gina uma pequenina coisa: naquela noite era ela que lhe dava o banho! Pois, na parte que lhe dizia respeito a Gina concordou. Mas afinal havia outra variável na equação. Já estava eu alapado no sofá (antecipando 15minutos de sossego, complementados por um episódio do Friends), quando subitamente o meu dedo começou a ser puxado pela pequena, enquanto dizia:
"Ana pápá. Qué tomá manhi!" (Nota do tradutor: Anda papá. Quero tomar banhinho!)
Mainada! O meu descanso, tão gentilmente cedido pela Gina era coisa que não entrava no sistema da cachopa. O banho é com o pai! E o pai tem que estar sentado naquele sítio x para lhe tirar a roupa, senão há reclamação e encaminhamento certo para o local.
Mas no fundo, no fundo as rotinas que ela criou e a forma como se bate por elas só nos provocam enormes sorrisos de satisfação.