quarta-feira, maio 17, 2006

"Dói-dói"

Os dias que estive no hospital revelaram-se, como não podia deixar de ser, geradores de enorme saudade das minhas duas mulheres, apesar de ter tido a companhia diária da Gina.
A pequenita também lá foi quase todos os dias. A excepção foi o dia da cirurgia propriamente dita.
No dia em que entrei no hospital a pequena foi lá de tarde (não foi à enfermaria, que isto de infecções nosocomiais é um problema que levamos a sério). Desci ao rés do chão e assim que cheguei ao pé dela a sua decisão foi clara: agarrou-me na mão e disse "vamos embó(ra)".
No 1º dia depois da cirurgia tive o cuidado de vestir um casaco e colocar o dreno no bolso, para não a assustar. Ela quando me viu quis logo colinho, que eu dei na medida do possível. Depois lá viu o grande penso no pescoço e perguntou: "O qué ito?" Lá lhe expliquei que era um "dói-dói" que o pai tinha, mas que ia passar.
A Gina contou que houve um dia de manhã em que ela acordou e perguntou se eu estava a dormir. Ela respondeu-lhe que eu estava no hospital, ao que a pequena disse: "A tatá o dói-dói".
Os primeiros tempos em casa foram engraçados, na medida em que a garota estava com saudades de mim e não me largava. Já ocorreram intensas sessões de dança, capazes de fazer corar qualquer Fred Astaire
e Ginger Rogers....
Desde aí e até hoje, que já estou em casa há dias, todos os dias ela aparece com um "dói-dói" novo, seja na cara, na mão, na perna, enfim..... Mas diz que vai passar.