quinta-feira, agosto 03, 2006

Foi mais ou menos assim

Quarta-feira, 2 de Agosto de 2006, 08h: - Acorda! Temos que ir para a maternidade. (Quarta?? Então mas a consulta é só amanhã, quinta!) - Passei a noite toda com contracções, temos que ir. Acho que já se rompeu o "saco das águas". Ok, siga. Ligar à avó para ficar com a pequena, aprontar as coisas e arrancar. Uma ligadela rápida à obstetra, mensagem no voice mail e vamos embora. Viagem tranquila, porque os balanços estimulavam as contracções. Chegada à maternidade pelas 10.15h e aguardar para ser observada. Confirmação feita da ruptura do saco e ordem para internar, com dilatação de apenas 1cm. O marido, para não variar é rapidamente escorraçado das instalações. Começa aqui mais um episódio da saga "Ser pai é a profissão mais solitária do mundo", na sequência de outros épicos como "O casamento é da noiva, o homem é um apêndice necessário". Lá me arrastei a ler um jornal até que fui almoçar, para fazer tempo até às 14.30h, altura em que começam as visitas. O almoço foi uma sopa xxxxl. Não comi o L, quanto mais o x... Lá regressei à maternidade e fui ter com a Gina que me disse estar com 3cm de dilatação e a aguardar observação por um médico. Lá foi, o médico fez o toque para estimular a coisa, e ordem para ir para a sala de partos. Lá aguardámos que a dilatação se processasse. Entretanto chegou a altura de se colocar o cateter epidural e, apesar de não ter sido exactamente fácil, conseguiu-se. O que só por si já nos deixava bastante tranquilos, uma vez que com a Mariana não tinha sido possível e o pós parto foi horrivelmente doloroso. Como a coisa não atava nem desatava fui lanchar, o que me valeu mais uma hora à espera de poder subir novamente ao bloco de partos. A Gina disse que a campaínha nunca tocou, e eu vou acreditar, uma vez que durante o dia de hoje só posso tecer os mais rasgados elogios aos profissionais que trabalham na Daniel de Matos. Foram mais umas horas de espera até que o obstetra disse que o melhor era mesmo ir jantar, porque a coisa estava demorada. Nesta altura já tinham chegado (praí desde as 18h) a Adriana, futura madrinha, e o Tó-Zé. Fui jantar com eles. E como lhes agradeço a companhia que me fizeram e a conversa que fomos encetando enquanto se enganava o estômago. Bem hajam amigos! Regressei ao bloco de partos e ....... choque. Aquilo não estava a correr bem: a dilatação não avançava, o colo do útero parecia involuir e a Gina apresentava febre. Resultado: opção cesariana. E confesso que abanei! Não estava preparado para aquilo. Pensava ir assistir a um parto normal, mesmo que o processo se arrastasse pela noite dentro. Mas não dava, uma vez que o Pedro apresentava sinais de algum sofrimento fetal. Fiquei a pensar que mais uma vez não poderia assistir ao nascimento de um filho. Azar.... Mas faltava mais uma surpresa: o médico convidou-me a assistir. Agradeço-lhe do fundo do coração e ficar-lhe-ei eternamente grato. Equipei-me e entrei no BO, onde a Gina me recebeu com um largo sorriso. Também ela estava visivelmente satisfeita pela surpresa. O processo foi relativamente rápido, pude dar o apoio à Gina que ela precisava, mas sou obrigado a confessar que a certa altura tive que me concentrar na cara dela e evitar olhar para a zona do abdómen. O suor escorria-me pelas pernas e a cabeça estava a ficar leve... ok respira fundo, concentra-te... siga! E às 21.30h o Pedro saiu para o mundo. Choro forte (parece que deve ser sina nossa ter crianças que berram a sério), 3570Kg. Um rapazão. Bem maior que a irmã, mas com bem menos cabelo. Passado algum tempo colocaram-mo na mão. Chorou um pouquito (ao contrário da irmã que se calou quando veio para o meu colo), mas nada de especial e depois calou-se. Passei para uma salita onde já me tinham antes entregue a Mariana e lá fiquei com o cachopo.

Olhos bem abertos a maior parte do tempo, uns resmungos e depois toca de chuchar na manga, na mão e mais que houvesse. Lá começou a saga de sms, telefonemas, etc. A sensação era diferente do que foi com a Mariana. Ou não? Quando olhava bem para ele o coração parecia ficar levezinho.... se calhar foi igual à Mariana. Sei lá. Só sei que estava muito feliz. Depois lá fomos para o quarto (cama 214) com a mamã e o rapaz começou a mamar. E foi pelo bom caminho rapidamente. Fui chamar a Adriana o Tó-Zé, que vieram ver o rebento.

Neste dia todo não deixámos nunca de pensar na Mariana. Ligámos várias vezes, mas ela estava bem. Andou o dia todo com a avó, depois ao fim da tarde ainda teve a visita da outra avó e do padrinho. Pela hora tardia a que isto terminou optei por deixá-la a dormir em casa da avó. É a primeira vez que vai dormir fora de casa. Espero que corra bem. Amanhã vai ver o irmão, que ela já sabe que nasceu, e estou curioso para ver como ela vai gerir a coisa. O irmão traz-lhe prendas: uma girafa do Imaginarium e um DVD das "Histórias da carochinha".

A aventura recomeça, agora com dois descendentes.