terça-feira, outubro 28, 2008

Anda um tipo a esforçar-se para isto...

No final do ano lectivo passado a Educadora de Infância alertou-me para o facto da pequena se ter queixado que não via, após ter estado um bom pedaço de tempo a pintar.
Quando chegou a altura da consulta no pediatra falei no assunto. Ele lá fez o teste e disse que era melhor ser observada por um oftalmologista, porque lhe parecia haver uma assimetria...
Marcámos então a consulta no oftalmologista. Evidentemente que tive que fazer uma preparação prévia à cachopa: dizer-lhe que não era preciso tirar a roupa, nem iam mexer nos ouvidos, nem mexer na boca, etc. Até houve a felicidade da mãe se despachar e vir ter connosco.
A consulta começou e decorreu até bastante bem, no início. Chegou depois a altura em que ela teve que fazer o teste da Escala de "E´s", que consiste em dizer para que lado está voltada a parte aberta da letra E, se para cima, para baixo ou para os lados. Ela de início safou-se bem, mas quando as letras começaram a ficar mais pequenas começou a ter alguma dificuldade e ficou aflita: insegura, quase começou a chorar. Típico dela... Se não consegue fazer algo bem, fica insegura e atrapalhada.
O médico passou depois à examinação directa dos olhos. E depois disto é que a coisa começou a correr mal...
Primeiro perguntou-me se ela era filha única. Respondi que não, evidentemente. E logo começaram a chegar os "diagnósticos":
- Pois, olhe que isto parece-me ser uma maneira dela chamar a atenção. Vocês devem estar a dar muita atenção ao mais novo e ela ressente-se e reage desta forma.
- Mas olhe que ela nunca se queixou de ver mal. Foi a educadora que alertou e na pré o irmão não está...
- Pois, mas anatomicamente não há razão para ela não ver aquelas letras mais pequenas. O olho tem um erro muito pequeno, que não justifica que não veja. E não é nada normal uma miúda de 4 anos reagir assim, quase a chorar, por não conseguir responder a uma pergunta. Não é normal!

Eu por esta altura já estava a contar até 10...:
- Olhe que ela até é muito tranquila, as informações da pré são óptimas e ela nem é de fazer grandes birras...
- Pois, mas não é normal uma criança de 4 anos reagir assim! De qualquer forma ainda preciso de fazer um teste. Coloquem-lhe estas gotas e voltem cá daqui a uma hora.

Passado uma hora voltámos e ele reafirmou que o olho tinha um erro muito pequeno que não justificava que ela não visse as letras.
No final virou-se para a minha mulher e disse que ia receitar-lhe uns óculos e que queria que ela viesse à consulta com ela daí a 6 meses e não queria que eu fosse. Como?!?!?!?!
- Ah e tal que isto e manha dela e é devido ao facto de você ser superprotector!

Como?!?!?!?!?!?
Bem, foi daquelas alturas em que me arrependi da boa educação que os meus pais me deram! Então aquele "sr. dr." tinha, no espaço de uma hora, dado duas "sentenças" diametralmente opostas: antes era falta de atenção por causa do irmão e depois já era sobreprotecção?!?!?!?!
Afinal em que ficamos? Pensava eu que ia a uma consulta de oftalmologia e sai-me um "psicólogo (des)encartado" a mandar bitaites.
Desconfio que devia estar a largar fumo... O que me valeu foi a minha esposa a dar-me apoio e a chamar-me à razão.
Quando abordei a questão com a educadora (até para lhe mostrar que levamos em consideração os alertas dela), ela só se riu do homem... e pediu-me por tudo para não lhe ligar nenhuma.

No fim de contas lá fomos comprar uns óculos. Surpreendentemente fácil, a compra. Quando entrámos na loja só lhe disse:
- Escolhes os que quiseres, uns que gostes.
- Cor de rosa!
- Ah, nem imaginava...

O vendedor ao ouvir isto disse logo que sabia que tipo ia trazer. Trouxe 4 diferentes, todos da Barbie. Ela viu, pegou num par e disse:
- São estes!

Oxalá fosse toda a gente tão simples!
Anda um tipo a esforçar-se, a esfarrapar-se todo para estar presente na vida dos filhos, para eles se sentirem acompanhados e depois sujeita-se a ouvir estas "sentenças"...

12 Comments:

Blogger Cristina said...

Realmente, também ficava furiosa. Que homem sentencioso!

Cristina

28/10/08 13:43  
Blogger Princesas Ervilhinhas said...

Ora bem... parece-me a mim que o Sr. Dr. não deve de ter filhos e ás tantas anda a projectar fantasias nos seus clientes.

Para a próxima, retribua-lhe também 1 ou 2 sentenças sobre o profissionalismo dele, só para ver se ele gosta!

Um abraço,
Carla e Ervilhas

29/10/08 13:31  
Blogger Eu said...

Que história tão descabida... Eu ia era ouvir uma segunda opinião!

30/10/08 15:38  
Blogger Rodrez said...

E para um comtário diferente:

E passada a fúria pensaste se o dito poderá ter alguma razão?

É que se nenhuma razão lhe dão porque é que foram comprar uns óculos receitados por alguém em quemnão confiam, ou percebi mal essa parte?

No fundo nem sempre ouvimos o que gostamos e há coisas que nos dizem deveras injustas, essa deve ser uma, aliás creio de tudo o que leio que sim, mas às vezes pensar um pouco no que nos dizem, nem que seja para depois cocluirmos não haver qualquer razão, servirá para pensarmos.

Daqui do psicólogo da treta, como já me mimaram, a negação imediata às vezes é a mais rápida afirmação.

Mas o mais importante é o que sentes, e sentes-te e serás seguramente um excelente pai!

30/10/08 19:51  
Blogger paibabado said...

Eu comprei os óculos porque efectivamente ele disse que o olho tinha um erro. Pequeno, mas tinha e que era possível de corrigir com os óculos.
O que eu não aceitei foi ele ter dito que esse erro não era suficiente para não ver as letras a partir de determinada dimensão e daí ter feito associações psicológicas da treta. Se houvesse necessidade de chamar a atenção da parte dela ou, pelo contrário, mimo exacerbado, julgo que:
1- A educadora de infância (excelente profissional, experiente e muito dialogante) já mo teria dito;
2- Julgo que, aproveitando a embalagem, mais pessoas a quem contei a história teriam aproveitado para dizer: "Olha eu nunca te disse antes, mas..."

Como isso nunca aconteceu...
Repito: os óculos comprei-os atendendo à avaliação técnica feita: o olho tem um erro! A avaliação psicológica... acho que foi de borla. E ainda bem, porque se tivesse pago por ela...

30/10/08 20:08  
Blogger Mamã Petra said...

Olá a semana passada passei por algo semelhante num oftalmologista, não fosse eu estar numa ponta do pais e voces noutra até achava que era o mesmo, apesar que de facto ela viu as letras todas, e as que dizia não ver, não fazia sentido, ele achou que ela queria uns oculos porque agora é moda e não lhos receitou. Mas teve várias saidas infelizes, que não fosse a boa educação e boa acção escutista do dia, tinha mandado o Sr. Dr. para um sitio giro.

Beijinhos grandes á gaivota, aos meninos e para ti.

4/11/08 20:25  
Blogger marta e joão said...

estou em choque com esse médico!!! mas será que não está habituado a consultar crianças???

penso que não será um oftalmologista a opinar os estados psicologicos das crianças

cumptos,

14/11/08 14:14  
Anonymous Anónimo said...

Não querendo meter-me, mas já o fazendo...:P

Também acho que seria melhor consultar outro especialista, lembro-me do primeiro a que fui, que fartou-se de "cagar" sentenças, e eu já tinha 14 anos, e depois saí delá com uns óculos que conseguiram fazerme pior à vista num ano que 14 anos sem eles...

21/12/08 00:15  
Blogger Pietra said...

Desculpa a intromissão mas, passei por aqui e apeteceu-me opinar.
Se fosse eu talvez consultasse outro médico, até para ficar mais descansada.
Boas festas!

22/12/08 22:57  
Blogger Daniela said...

Só passei para deixar os votos de um Feliz Natal e Óptimo 2009!

23/12/08 17:05  
Blogger Mãe Feliz said...

Bem, que saudades de saber de vocês!!!!
Primeiro desaparece a mãe gaivota, agora é um pai babado que nunca mais dá notícias... estou sempre a vir até cá com a esperança, mas leio sempre o mesmo título "Anda um gajo a esforçar-se para isto".
Voltem!!!!!
Bom 2009!!

29/12/08 03:45  
Anonymous Anónimo said...

Sem querer opinar, mas opinando,se fosse possivel, eu procuraria uma segunda opinião.
Pelo que conta, o médico deixa muito a desejar...
Um abraço.
Avó

2/2/09 22:15  

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