segunda-feira, outubro 30, 2006

Ponto de Ordem

Às vezes dou por mim a ler posts antigos que escrevi neste blog e fico com a impressão de que a vida com a Mariana é uma animação dos diabos e que isto cá em casa é uma grande reinação.
Só que acho que corro o risco de dar uma ideia errada da coisa.
E isso é algo que eu, de todo, quero evitar.
É evidente que ela sozinha enche uma casa.
Enche a casa, a paciência, a mona e sei lá que mais.
Já houve n vezes em que até encheu o prédio com a potência daquela voz.
Mas o processo educacional da cachopa é algo extraordinariamente difícil.
Por diversas razões, umas relacionadas com aquela feitiozinho dela e outras relacionadas connosco como sejam o facto de trabalharmos por turnos, ou por agora termos que nos preocupar também com o Pedro, ou por milhentas outras razões.
A pequena vive permanentemente a "cento e cem" e eu, muitas vezes, expludo e sou tremendamente injusto com ela.
Mas isso acontece precisamente porque me (nos) falta um pouquinho mais de espaço para respirar um pouco. Ela não nos permite muitos momentos para nós.
Ou serei eu que quero momentos demais? Se calhar tenho que rever aqui algumas coisas...
É uma das coisas pela qual gosto de ter o blog: permite-me parar para pensar um pouco enquanto escrevo.
Adiante....
Acontece é que depois deste gás todo, ela sai-se muitas vezes com uns carinhos que me deixam com um sentimento de culpa ainda maior...
Hoje fui a um dos meus dois treinos semanais de futebol. Levei-a até aos meus pais, coisa que ela adora.
No entanto quando cheguei ela estava chorosa, soluçante e a queixar-se do "beiuio" na janela.
É que ela agora anda permanentemente aterrorizada com barulhos que ouve, particularmente no quarto dela, na sua grande maioria provenientes do quarto dos vizinhos do lado.
Esta vida actual é engraçada: há semanas que ando a tentar cruzar-me com eles para lhes pedir que afastem um pouquinho a cama da parede mas, pura e simplesmente, não os vejo.
Dizia eu que ela estava chorosa, mas no meio dos soluços abraçou-se a mim e disse-me "Que(r)o ir ter com a mamã e com o Ped(r)o Nuno."
É por cenas destas que ela muitas vezes me emociona de uma maneira que só ela consegue e que eu dou por mim a pensar que tenho que me munir de muito mais paciência para com ela.
Só que... não é fácil. Mesmo nada fácil.
Olha filha... atura-me.
Eu amo-te muito!

PS: Ó Pedro vai-te preparando para este teu pai.

2 em 1

Os ovos da Páscoa são um bocado como os melões no que à surpresa diz respeito, ou seja só depois de abertos é que sabemos se valem a pena.
Na maior parte das vezes a surpresa é... (como direi), amarga. O bonequito não vale nada.
A melhor coisa a fazer é mesmo ficar com a caixita de plástico que traz a "prenda" e aproveitá-la para umas brincadeiras.
Destino porreiro destas coisas é a banheira, uma vez que com elas se dá um banhito agradável no meio de muita brincadeira.
Tal como ontem à noite...
Estava ela no meio dos seus afazeres quando de repente se solta com uma que eu fiquei de cara à banda.
Então não é que a pequena resolve pegar nas duas metades do tal "ovo" plástico, coloca-as no peito e diz: "Eu tenho umas mamitas papá! Olha, eu tenho umas mamitas!"?
E eu fico ali, completamente aparvalhado, a olhar para ela...
Mas como é que uma miúda de dois anos e três meses se sai com uma destas?
Tu queres ver que a "panca" dos silicones tem raízes muito anteriores ao que seria legítimo supor?

Depois (e porque com esta pequena há sempre um depois), não contente com o feito, pega numa outra metade e entrega-ma enquanto diz:
- Toma papá, e(s)ta é p(ar)a ti.

Mas?... Mas?... Então?...
Que raio de respeito é que eu inspiro a esta pequena para ela se achar no direito me "receitar" mamas?

Esta miúda dá-me cabo da mona e está a sair-me um verdadeiro 2 em 1: precoce e cruel.
Muito, muito cruel!

sexta-feira, outubro 27, 2006

Pssssst ! Olhe lá...(2)

E nos dias em que eu tenho o meu kilt escocês na lixívia, como é que faço para mudar a fralda à prole?

terça-feira, outubro 24, 2006

Razões que a razão desconhece

Há mistérios absolutamente insondáveis que habitam o cérebro de uma criança de dois anos e três meses.
Razões para determinadas atitudes que só podem obedecer a uma lógica muito própria.
A pequena costuma presentear-nos com determinados objectos no seu quotidiano.
Os mais comuns são os lápis de cor.
Mas a cada um de nós é atribuído um lápis específico: a mim o azul e à mãe o cor de rosa.
E ai de mim se por acaso encontro o cor de rosa em cima da mesa e cometo a imprudência de o ir arrumar. Há logo um pequeno ser que começa a gritar como se não houvesse amanhã "esse é da mamã, esse é da mamãããããã".
Para além disso é também comum ela dar-nos uns animais de uma prenda que lhe ofereceram. Esses animais são em madeira e encaixam-se numa placa que lhes serve de base.
Ela reserva-se o tigre.
A mãe é obsequiada com a zebra.
O Pedro recebe sempre o cão.
E o que é que sobra para mim? Hã? O que será?
Bom, nada mais nada menos que a animal mais "elegante" disponível no conjunto: o elefante!
Ainda restavam o macaco e o leão, mas nããããão. O pai é um elefante!
Filha:
- Será que tu me vês com lentes de aumento ou eu para ti sou uma daquelas imagens distorcidas da "Casa dos Espelhos"?

- Estarás, de uma forma muito discreta, a tentar transmitir-me alguma mensagem?

É que já não basta dizeres-me que eu tenho um "gabo gande, enoooome", como ainda por cima me caracterizas como um elefante...
Bom, se há coisa de que não te podem acusar é de falta de coerência!

segunda-feira, outubro 23, 2006

Natação para bebés

As aulas de natação para bebés eram um projecto nosso para a pequena já com algum tempo.
Neste mês de Outubro finalmente podemos começar a concretizá-lo.

As aulas têm sido bastante interessantes, na medida em que alguns exercícios permitem uma pequena socialização com estranhos, que julgo ser positiva para qualquer criança.

Por outro lado tem-nos dado (mais) uma irrefutável prova da extraordinária cêpa de que é feita a pequena...

Quer dizer ela até faz tudo e tal...
Há só dois "pequenos" probleminhas: os timings e a vontade própria!
Quanto aos timings ela cumpre-os todos... à hora dela.

Se é para fazer um exercício de a segurar de barriga para baixo quer ir a ver o tecto.

Se é para ir a ver o tecto quer mergulhar.

Tudo isto é acompanhado de "exigências" deste e daquele brinquedo, quando já mais ninguém tem brinquedos, uma vez que no início da aula são postos de lado até quase ao fim.

Mas para ela não.
Ela apanha quantos pode e mantém-nos ali bem junto a ela como se fossem preciosos tesouros o que, como está bom de ver, facilita "imenso" qualquer exercício que haja para fazer (julgo que até o prof. já desistiu de lhos tentar tirar).
E estas "exigências" são feitas a um nível sonoro que só nos envergonham, porque os outro miúdos que lá estão são TODOS diferentes. Com diferentes quero dizer que não utilizam a aula para treinar as cordas vocais para uma futura carreira no Mercado do Bolhão.

Quanto à vontade própria ela mostra-se sobretudo quando ela (com uma grande lata) nos diz "Larga-me! Eu já venho! Larga-me!"

Eu fico absolutamente abismado! Mas onde raio é que ela julga que vai numa piscina?
Se não fosse o receio que eu tenho que ela se assuste e apanhe medo à água até era capaz de lhe espetar um sustozito...hummm...era?......humm.... não era nada! Quem é que eu estou a querer enganar?

No entanto tenho que reconhecer que eu andava a preparar-me mentalmente para enfrentar argumentos como o "eu já venho"..... mas lá mais para a adolescência dela! Pronto, tenho que me conformar e apressar vertiginosamente o meu processo de aprendizagem.

No meio disto tudo acho que as aulas ainda trazem algo de positivo para nós pais que a acompanhamos: dá para ficar com uma ideia aproximada do que sentem os pescadores de enguias eléctricas.

Enguia pela dificuldade que temos para ela não se escapulir das nossas mãos, eléctrica pelo feitio...

quarta-feira, outubro 18, 2006

Mas que casarão

Descobri por estes dias que a minha casa é muito maior do que parece.
Mas muito maior!
Tem uma secção do museu de História Natural.
Palavra de honra.
Fica ali na cozinha e a caverna com as pinturas rupestres é o micro ondas.
Evidentemente que a descoberta de tão fabuloso achado obrigou à reunião de emergência do GEAR, sendo que as siglas não têm que ver com arte rupestre propriamente dita, ao contrário do que o AR poderia indiciar.
O GEAR é o Grupo de Estudos de Açoite no Rabo, constituído pelas duas maiores autoridades desta casa (ainda o somos. Por quanto tempo, isso já não sei).
Aguardam-se novidades.

Recordes

Nos idos de 1984 dei por mim a seguir com extremo interesse o Decatlo nos Jogos Olímpicos realizados nesse ano.
Acompanhei de perto a prova de Dailey Thompson, que estabeleceu novo recorde olímpico ganhando, obviamente, a medalha de ouro.
Talvez venha daí o fascínio que tenho pelas notícias que relatam a quebra de novos recordes.
Desconfio é que o meu filho segue o mesmo caminho, embora numa vertente diferente.
Acho que ele prefere quebrar os seus próprios recordes.
De positivo isto tem a força de vontade e tal, mas a obstinação é que já não me parece ser uma coisa assim muito saudável.
E o miúdo tem andado obstinado. Oh lá se tem. Apre!
Todos os dias ele se supera.
Claro que naquilo que sabe fazer e que não dá jeitinho nenhum: caca!
O rapaz anda numa luta com ele próprio a ver quantas peças de roupa consegue pôr de "quarentena".
Ele é body, camisola interior, meias, camisola exterior, até já conseguiu chegar ao cesto de dormir.
É obra!
Só que... ó filho isso não é exactamente uma coisa que te vá servir de cartão de visita no futuro, de maneira que acalma lá esses instintos.
Alivia-te, tudo bem, mas sem esses instintos de "canhão assassino".

PS- Lembrei-me agora: quem sabe esta tua potencialidade pode dar para servir de "piloto de testes" à qualidade das Dodot ou das Huggies?
Vou mandar o teu currículum.
Não têm como recusar.

domingo, outubro 15, 2006

Paul Hunter

Estou triste!
Mesmo triste e nem é nada comigo nem com os meus. Soube há pouco que faleceu Paul Hunter.
Quem? Paul Hunter!
Eu explico: uma das grandes paixões da minha vida é o bilhar ou o snooker, como preferirem. Antes dos pequenos nascerem ainda pratiquei a nível federado snooker ibérico, nunca passando de um nível mais que modesto. Depois deles nascerem, por falta de tempo de treino e de disponibilidade, abandonei. Actualmente compenso a falta de prática com o visionamento da época de snooker inglês na Eurosport (graças a Deus a Sportv não se interessa por isto). Quando há um torneio apelo à imensa paciência da minha mulher e confisco a Tv por umas horas para assistir aos jogos. Um dos meus favoritos (porque ver um jogo sem se torcer por alguém não tem piada nenhuma) era Paul Hunter, juntamente com Stephen Hendry e Ronnie O'Sullivan. Paul conseguiu chegar a nº4 do ranking mundial, altura em que lhe foi diagnosticado um raríssimo cancro neuroendócrino. Ao longo desta época de 2005/06 fui assistindo ao decair tanto a nível físico como de jogo de um jogador brilhante. Essencialmente por manifesta falta de tempo de treino, dado que todos estes jogadores (totalmente profissionais) treinam, em média, 8 horas por dia e Paul não o podia fazer devido aos tratamentos. No entanto nem por uma vez ao longo da época o vi com uma imagem rancorosa quando perdia. Nunca! Manteve sempre a sua graciosidade, o sorriso. Um verdadeiro gentleman.
Era rico, famoso, adorado por todos. Tinha 27 anos de idade. Porque é que este post aparece em "Estórias de Pai"? Porque o rapaz tinha uma filha, Evie Rose, nascida a 26 de Dezembro do ano passado. É uma menina que vai ter toda uma vida sem um pai. E se antes estas coisas me passavam completamente ao lado, hoje em dia emocionam-me de uma maneira muito intensa e deixam-me profundamente triste.
Por todo o Amor que tento dar aos meus filhos e que aquela menina nunca irá ter da parte do pai dela...fico...fico...epá, nem sei.

Obrigado, Paul Hunter, por todas as horas de magnífico snooker que me proporcionaste.

So long, Champion.

sábado, outubro 14, 2006

Sexta-Feira, 13

É incrível como é que ainda há gente que tem a distinta lata de me dizer "Ah e tal o azar é coisa que não existe e as superstições são uma baboseira, patáti, patatá..."
Essa gente não passou pelo que eu passei ontem.
Os pais decidiram cuidar da sua saúde oral e, como é óbvio, fomos ao dentista.
Por questões de "mama-timing" a mãe foi atendida primeiro. Fiquei só com o pequeno (a pequena ficou na avó).
Ora pouquíssimo depois da mãe ter abandonado a sala de espera, ouvi os acordes inconfundíveis da coisa. E pelo som, coisa pequena não era.
Iniciou-se a delicada operação de mudança de fralda em cima de uma cadeira (felizmente a sala de espera estava vazia).
Que posso dizer? Se o som não preconizava nada de bom, a visão do desastre confirmou a tragédia.
Era daquele material de viscosidade manhosa, que obriga uma pessoa a fazer equilibrismo com a fralda para impedir que a coisa verta. Só que a quantidade era tal que tive que fazer equilibrismo dos dois lados. Nada de facilidades, portanto.
Já à tarde, enquanto a mamã foi desanuviar um pouco ao ginásio, o pequeno soltou-se outra vez.
Foi tamanha bujarda que afundou de uma só vez o porta-aviões, o contra-torpedeiro e sei lá mais o quê! Entenda-se por isto fralda, body, meias calça, pernas e mais que houvesse.
Claro que esta façanha foi executada quando eu tentava lanchar tranquilamente na pastelaria, ou seja mais uma vez tive que mostrar os meus dotes em público. Lindo...
Quando eu julgava que o dia já não me podia reservar mais surpresas eis que entra em acção a pequena. Não sei se por não querer ficar atrás do irmão, ou por qualquer outra razão, mas o que é facto é que também não deixou os seus créditos por mãos alheias.
E mais uma vez quando a mãe não estava em casa.
O odor da "prenda" foi de tal ordem que, estou certo, caso alguém estivesse a ver a minha casa com o Google Earth de certeza que haveria uma imensa névoa a cobri-la, acompanhado do sinal de "Biohazard".
Ufa.... e ainda me dizem que não há azar!Apre!
Foi literalmente, e tal como este post, um dia de...caca!

quinta-feira, outubro 12, 2006

Iogurtes

Com a diversificação alimentar um dos elementos introduzidos é o iogurte.
Claro que sempre com a indicação de ser iogurte natural.
Pois! O problema é só um: convencer os pequenos a comê-los.
Ficamos sempre com a sensação de um pequeno ser a fulminar-nos com um olhar que diz:
"Epá, se é assim tão bom como dizes, porque é que não o comes tu?"

Vai daí, com a pequena, optámos por mandar a indicação do pediatra às couves e começámos a dar-lhe iogurtes de aromas.
Seguindo a escalada evolutiva natural chegámos ao topo de gama da iogurtagem: Danoninhos!
Só que (há sempre um senão)... são caros!
Tornou-se portanto necessário arranjar um esquema para conseguir que no final do ordenado sobre cada vez menos mês.
Começámos a dar-lhe sempre um iogurte de aromas antes, com a mensagem "Primeiro o iogurte, depois o Danoninho."
Evidentemente que nos primeiros dias isto deu origem a baba e ranho em doses industriais.
Mas com o passar dos tempos ela lá se foi habituando.
Actualmente é giro: é ela própria que diz em altos berros "P(r)imei(r)o o iogu(r)te! Depois o nóninho. P(r)imei(r)o o iogu(r)te!"
E eu sou obrigado a concordar, esforçando-me por fazer uma expressão facial de sofrimento, como se o facto de lhe dar primeiro o iogurte me revolvesse os intestinos e eu lhe estivesse a fazer um enorme favor.
Ó filha, vais-me desculpar: é um trabalho duro, mas alguém tem que o fazer...

quarta-feira, outubro 11, 2006

Eureka

Desde sempre gostei de animais.
Das maiores tristezas que tive na vida foi nunca poder ter tido um cão.
A viver num apartamento reconheço que não é fácil realizar esse desejo.
No entanto continuo a acreditar firmemente que os animais podem ser uns óptimos colaboradores no processo educacional dos petizes.
É pois com enorme felicidade, que anuncio que adoptámos a forma ideal de ter animais em (nossa) casa: filmes 3D...

Memória Futura

Mariana: se tu, por acaso, algum dia chegares a casa com ideia de orientar o teu futuro profissional para a área de "Gestão de Stocks" eu, como um pai que te adora, terei a obrigação de te dizer que estarás a "pisar gelo fino", filha. Muito, muito, fino...

segunda-feira, outubro 09, 2006

Filmes da minha vida (III)

A miúda é uma cinéfila daquelas......... Fã, mas mesmo, mesmo fã. O DVD só tem autorização para parar por si, mesmo no final. Sim, porque enquanto corre essa coisa interessantíssima que são os créditos finais (as letrinhas), a justificação é "Ainda tádá a cançãããããão". Mesmo que seja a enésima vez que ela vê o dito filme. Já vomito Pooh pelas guelras... Mas como dizer-lhe que não?
Como, depois dela ontem, em plena esplanada do café, ter trepado pelo meu colo acima, ter-se posto em pé nas minhas pernas e ter-me pregado um grande abraço enquanto me dizia: "- Ado(r)o-te, U(r)so Pooh!"

Princípio Cívico: Pontualidade

Pontualidade.......conceito ambíguo: tão simples e tão complicado ao mesmo tempo.
Simples na definição, complicado no cumprimento.
Desde pequeno, por influência do meu pai, me habituei a ser pontual.
Se há coisa que odeio é fazer esperar alguém ou, pior ainda, que me façam esperar.
Algo que não admito é aquele típico:
-Então encontramo-nos lá para as 7, 7 e meia.
Resposta pronta:
- Nem penses. 7 ou 7 e meia?
Mas que raio..... porque será que as pessoas se acham no direito de nos condicionar meia hora?
Em meia hora brinco muito com os meus filhos.
Lembro-me de um colega a quem quando diziam isso (7, 7 e 1/2) ele respondia:
- Ok, então eu estou lá às "tete, tete e meia, quato pá nhônha".
Claro está que quando a pessoa ficava com os olhos em bico ele já tinha tido a sua vitória. Mas resultava.

Então ontem fomos almoçar aos meus pais. Chegados à entrada do prédio não havia lugar para estacionar.
Saiu a minha mulher e aproveitou-se logo para tirar a canalha.
Fui estacionar o carro e voltei. Não demorei 2 minutos...
À porta do prédio a minha filha fazia-me sinal de mão, como que dizendo "anda, anda".
Mas acabou por não resistir. Começou a correr direita a mim, de braços abertos e sorriso franco, acabando por se escarrapachar nos meus braços, com um grande abraço, ao mesmo tempo que dizia:
- Chega(s)-te me(s)mo a tempo, papá!

Nota mental: NUNCA chegar atrasado a beijos e abraços dos meus filhos!

sexta-feira, outubro 06, 2006

Pesadelos revividos

Já o afirmei várias vezes: sempre me imaginei pai de um rapaz.
Eu sei que actualmente esta ideia é um pouco parva, mas antes da Mariana nascer pensava frequentemente: "Mas como é que eu vou brincar com uma rapariga? Como é que as raparigas brincam?"

Hoje já ultrapassei esse trauma. As raparigas brincam. Como todas as crianças.
Acontece que não era só pelo brincar que eu tremia.

É que uma rapariga obriga-me a reviver dos maiores pesadelos que eu tive na minha juventude.
Já antes falei do horror atroz por que passo quando ela me pede para fazer desenhos mais complicados que uma bola com riscas.

Pois... só que agora sou obrigado a reviver não só os pesadelos das aulas de Educação Visual, mas também (horror dos horrores) das de Trabalhos Manuais.
Anos e anos de consciente enterrar de momentos humilhantes vividos nessas aulas são agora trazidos à tona de forma demasiado frequente.
Quando?
Quando é necessário arranjar-lhe o cabelo.
Ele é ganchinhos, ele é puxinhos, pente, franjas,.... MEEEEEDOOOO!

Eu tenho uma destreza com os dedos que não é propriamente brilhante.

E fazer os puxos, colocar ganchos, faz-me sempre ficar com a sensação de que tenho dedos a mais, tal a tendência que eles têm para ficar enrodilhados uns nos outros.

E aquilo de de pentear a moça de fácil não tem nada, não senhor.

Senão vejamos:

- primeiro é preciso soltar os nós do cabelo com a escova. Claro que isto é feito com um ser mais escorregadio que cobra num balde de manteiga sempre a querer fugir;
- depois é necessário dividir o cabelo de maneira a que a cabeça fique o mais possível simétrica (com o risco ao meio). Aqui começa uma saga. Parece que tem sempre mais cabelo de um lado que do outro;
- depois é preciso colocar os puxos à mesma altura, de maneira a que não pareçam pertencer a hemisférios diferentes do globo terrestre.
É um trabalho que me põe a suar em bica ao fim de dois minutos.
Eu acho que uma pessoa que consiga executar isto sem dificuldades quase que pode ir pedir admissão livre à Ordem dos Engenheiros.

A coisa para ficar bem feita quase que obriga à elaboração do Plano de Pormenor do Cabelo.

A cereja no topo do bolo acontece quando após este trabalho todo a miúda decide, muito lentamente, começar a tirar os ganchos e os puxos, só para me dar o "prazer" de começar tudo de novo.
Graças a Deus, a mãe dela tem (muito) mais jeito do que eu.

Pérola "High-Tech"

Toca o telefone e a ardina apregoa logo:
- Mamã, mamã o te(le)fone tá a toca(r).
E o telefone, em cima da sapateira de madeira, começa a vibrar.
A ardina, sempre em cima do acontecimento, não perde tempo a actualizar a informação:

- Tá a "fazê" um pô!

Ora um telemóvel a fazer um pô.... será este um dos (já) anunciados futuros telemóveis 4G?
Esta miúda é muito à frente! Muito, mesmo.
(Mais pérolas)

quinta-feira, outubro 05, 2006

Para ser pai.......

(Post de marido)
(Imagem do convite do nosso casamento)
Olá, Amor.
Hoje comemoramos o nosso 5º aniversário de casamento.
Foi graças a esse passo que as "Estórias" de Pai começaram. Não em blog, obviamente, mas no amor dos nossos corações. Foi aí que se abriu a janela de oportunidade para as "estórias" aparecerem.
Por tudo o que têm sido estes cinco anos, pelos nossos filhos, pelo nosso Amor, só te posso dizer que estou feliz. Muito!
Embora eu ache que entre pessoas que se amam não se agradece nada, fico muito contente por teres muita paciência comigo.
(Até para aturares os meus gostos musicais, bem diferentes dos teus...)

quarta-feira, outubro 04, 2006

Harmonia

Parece incrível, mas é a palavra que encontro para descrever o meu estado de alma por estes dias (se calhar não demoro muito a amargar estas palavras, mas até lá, enquanto o pau vai e vem... folgam as costas).
Por partes:
1- O Pedro é um doce de menino.
Tranquilo, calmo, atento, sereno e a cada dia mais risonho e interventivo.
Galreia de forma cada vez mais insistente connosco e muito particularmente com os ursos do móbil que tem na cama dele.
E tem um sorriso enorme, com aqueles olhões bem abertos, atentos a tudo.
Está-se a fazer muito bem, o pequeno.

2- A pequena....
A minha mulher, sempre esclarecida, informada e serena, já me tinha dito: "Esta fase dela, de birras intensas, pode estar a antecipar um período de grande crescimento, que ela percebe, mas ainda não domina."
Um pouco à semelhança do que acontece com o crescimento físico explosivo dos jovens na adolescência, muitas vezes não acompanhado pela parte psicológica, o que os leva a entrarem na célebre "Idade da Gaveta".
Posto isto, posso agora afirmar: aconteceu!
É verdade. A pequena cresceu. E, para nós, de que maneira.
Passou a ser capaz de adormecer sózinha!
Desde os 10 meses que ela dorme no seu quarto, mas era sempre necessário estar com ela na cama até a adormecer. Isto implicava que, muitas vezes, também adormecessemos com ela, o que se traduzia numas horas de sono terríveis, com pontapés e biqueiradas a rodos.
Por outro lado, muitas vezes, um de nós dormia "solteiro".
Esta semana passou a ser capaz de dormir sózinha. Basta ir com ela, contar-lhe uma "estória" e ela já se deixa ficar.
E, surpresa das surpresas, até à tarde tem aceite dormir, o que se traduz numa boa disposição para o resto do dia.,
Para nós também é um acréscimo de "qualidade de vida", uma vez que "sobra" muito mais tempo.

Hoje também, e concretizando um projecto já antigo, levei a pequena à primeira aula de natação.
Foi uma hora fantástica, feita de cumplicidade e confiança.
Uma hora de alegria, brincadeira e também de sacanice (para eu não me esquecer com quem lido). É que, apesar de eu lhe pedir encarecidamente, ela insistiu em beber água.
Claro está que, quando se engasgou, levou o "chá" da ordem:
- Vês? O papá avisou-te para não beberes a água da piscina.
Só que levei resposta à altura:
- Cof! Não te p(r)eocupes, cof, cof, papá! Não te p(r)eocupes!

Está mesmo crescida a piolha...

segunda-feira, outubro 02, 2006

Sentido Prático

(Ainda a propósito de dicção)
Passa actualmente na tv um anúncio com um burro.
E a pequena anuncia:
- Olha pai, um "muguito"!
- Não é "muguito" filha, é burrito.
- Um "mu-gui-to".
- Não, filha. Burrito. Bu-rri-to.
- É um ca-valo.

Desisto.
KO técnico ao 3º assalto.

Ioga

Vejo pulularem como cogumelos locais que disponibilizam cursos de ioga.
Nada contra o facto. Respeito imenso quem os pratica.
Mas apesar dos "antigos" nos avisarem para o "não digas desta água não beberei", acho difícil que algum dia venha a frequentar um.
Porquê?
Simples.... filhos!
Ou, para ser mais honesto.... filha.
A pequena é levada da breca para dormir. Quer seja uma sestazinha à tarde ou para finalizar o dia, mais à noite.
Julgo que a energia que ela possui lhe deve dizer que é uma tremenda perca de tempo, o dormir.
Aqui assumo (não sem uma lágrima teimosa a formar-se): não sai ao pai!
No entanto o sono (como a qualquer ser humano) faz-lhe bem.
O problema é ela convencer-se disso.
Vai daí, até ela se dar por convencida, decide testar a capacidade de resistência dos tímpanos de quem a deita, ao mesmo tempo que nos faz agradecer que os materiais de contrução tenham evoluído nos últimos dois séculos.
Sim, acredito que um belo grito dela possa ser registado na Escala de Richter.
E é por isso que eu estou firmemente convencido que posso dispensar o ioga: é que a capacidade de abstracção daqueles gritos tem que ser de tal forma, que eu não duvido que me consiga aproximar enormemente do estado de "Nirvana".